quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Metam o dedo.....mas não torçam.

Cada vez mais noto certas características deste povo que se consolidaram com o 25 de Abril. A liberdade de expressão e a democracia foram, neste caso, pérolas para os porcos.
Assim, o autóctone humanoide que habita este cantinho da Europa, conseguiu transformar-se numa nova espécie cujo ideal é não raciocinar, não produzir, não se esforçar, não trabalhar, não pagar impostos, não se informar, nunca ser responsável mas saber sempre tudo, ter todos os direitos, ter sempre razão, ter sempre prioridade, arranjar sempre um culpado ou uma desculpa pelas suas asneiras e alguém que lhe resolva a vida.
Por não entender que valores como a liberdade e a democracia exigem criaturas responsáveis e informadas, este autóctone criou o nicho ecológico ideal para a proliferação de politicos e chefias que jogam o jogo de manter toda uma população a hibernar intelectualmente com o fim de a manipularem facilmente.
Desde a informação jornalística ao sistema de ensino existe todo um código de tabus designados a manter o grau ideal de estupidez que garanta a estabilidade de uns poucos.
O "politicamente correcto" é uma das armas que são distribuídas aos autóctones para caçarem pessoas como eu, que, como fumadora e professora, sou um animal que pode ser caçado dentro e fora da época impunemente e por todos. Qualquer médico sabe que se eu tenho o pulso partido, dores na ponta do nariz ou uma unha encravada é por causa do tabaco. Qualquer pessoa tem o direito de me insultar se fumo a subir a Av.da Liberdade. Qualquer aluno tem o direito de ser prepotente e impertinente pois se for reeprendido ou (heresia das heresias) castigado, pode ficar traumatizado para o resto da vida. Alunos disléxicos, míopes, com epilepsia ou com asma ainda podem ser mais prepotentes, pois como qualquer psicólogo politicamente correcto pode atestar, um dos sintomas mais comuns destas maleitas é a má educação.Qualquer encarregado de educação tem o direito de me dizer como devo exercer a minha profissão (são todos especialistas menos eu) e exigir que resolva os problemas causados pela falta de educação que deu à ninhada. Não têm tempo para os que desovaram, mas eu tenho que lhes dedicar 24 horas por dia e ainda atender esses progenitores fora do meu horário de trabalho, pois nunca têm tempo. Claro que nenhum deles fica nem mais um minuto no emprego para me atender quando eu tenho tempo;mas lá está: eles têm direitos.
Ainda por cima sou avalidada por um sistema que, se eu o aplicasse aos alunos, que, têm direitos, claro, cairia o Carmo e a Trindade.
E um direitozinho para nós, os poucos que trabalham, pagam os impostos e se desenrascam sem exigir nada a ninguém e sem responsabilizer outros pelas suas falhas, não há? Não, não há, mas consolem-se: em contrapartida temos uma carrada de deveres.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Keep them stupid

Quando andava na escola aprendí que um jornalista deve ser objectivo, imparcial e relatar o acontecimento sem dramatizações. Já estou como o Ludi: Que Treta!
Deixei de ver o telejornal porque nunca ninguém explica o que se passa realmente. Se, por ex., houver uma manifestação de estudantes na Tailândia, mostram imagens de porrada nas ruas e comentam o óbvio, tipo: "a polícia usou gás lacrimogénio e jactos de àgua para dispersar os manifestantes." Fim da notícia. O porquê do acontecimento é algo sem relevância, nem se menciona.O que é importante é o futebol e as opiniões ad hoc dos moradores nas zonas onde são recolhidas as imagens.
Recebí há pouco um mail a pedir informações sobre a formação que os professores têm para prevenção de suicídios nas escolas. For crying out loud. Com tantos problemas de ensino-aprendizagem com os quais nos debatemos, o interesse desta jornalista do Sol é saber se temos mais um curso de medicina/sociologia/psiquiatria para resolvermos problemas não existentes.Pois, acho que vou fazer uma acção de formação de 50 horas para poder fazer uma operação de emergência ao apêndice dum aluno ou um cursozinho de teatro e animação social para entreter os alunos enquanto os pais vão tomar uns copos.
A pergunta seguinte deve ser se os canalizadores têm uma formação de nadador/salvador na remota hipótese de arrasarem de tal maneira os canos que o quarteirão onde se encontram a trabalhar fique submerso ou se os juízes têm uma formação em artes marciais para poderem subjugar físicamente os réus que se tornam agressivos nos tribunais.
So posso concluír que os jornalistas são seleccionados pela sua abordagem Escheriana à realidade.
Deve ser um teste especial, que elimina qualquer candidato que revele sintomas de lucidez, racionalidade, sépticismo e pertinência.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Ovelhas de betão

A foto que escolhí foi tirada em Castro Verde numa das duas novas rotundas. Uma tem ovelhas e outra tem porcos. (Não tiveram a consideração de fazer uma com galinhas).
Assim como assim, são das rotundas mais engraçadas que tenho visto, pois geralmente são horríveis. Contratam um artista local, filiado no PS e com uma avença ou cunha na câmara local e está a andar.
Considerando que vivo na selva de betão e sou mais uma da carneirada a tentar safar-me neste país, achei a foto bastante adequada.
Claro que é possível substituí-la pelo Brad Pitt ou pela Pamela Anderson, dependente das orientações estéticas de cada um. Mas seria menos honesto: não conheço gajos pôdres de bons nem tenho dois bons argumentos como a Pamela. Sorry.

domingo, 14 de setembro de 2008

Simplex

Farta de viver na selva urbana, decidí mudar de casa. Não fui para uma vivenda (quando for grande vou) mas dentro do possível optei por uma zona saloia onde só existem vivendas e prédios de três andares com dois inquilinos por andar. Não é o ideal, mas com menos gente por metro quadrado consegue-se viver melhor.
Obviamente que tive de processar inúmeros papeis (para mais promenores leiam "O Processo" de Kafka), entre eles mudar a morada nas companias de seguros, gás, água, electricidade, telefone, BI, contribuinte, etc.etc.etc.
Seria de esperar que isto se pudesse fazer tudo através da net, principalmente depois de todo o paleio do nosso 1º ministro. No way. Começa-se pela net, onde, depois de preencher inúmeros espaços com toda a informação possível e imaginária, e que só podem ser enviados se todos os espaços estejam preenchidos mesmo que seja a raíz quadrada do número de contribuinte e o número ímpar mais próximo do número de assinante mais o gráfico resultante da comparação do NIB com o número de cliente dividido pelo número de Autorização do Débito em Conta vezes o número de Identificação do Credor, nos respondem dois dias depois que temos de nos deslocar a todos esses sítios com uma série de comprovativos para assinar uma série de papeis, esperar horas em filas intermináveis e perder dias nestas andanças.
Claro que perguntei porquê, e a resposta foi sempre: por uma questão de segurança. Segurança de quê? Será que corro o risco de alguém se adiantar e pagar alguma conta por mim? Que crime horrível.
Mas entendí finalmente o que o sr.1º ministro entende por simplex. É simples: porquê fazer as coisas de uma forma simples se se podem fazer de modo muito mais complicado? E não me lixem: informatizar todo o país não tem nada a ver com o melhoramento dos serviços. Serve para vender material de informática tão obsoleto que nem um puto de 4 anos já quer e comprar votos dos atrasados mentais que vêm a TVI.